Lionel Fischer
"O ano de 1975 foi um marco para o teatro carioca. Após intermináveis pendengas com a censura, finalmente Chico Buarque e Paulo Pontes conseguiram levar à cena o musical "Gota D´Água", que transpunha para uma favela o original de Eurípides, a tragédia "Medeia". Agora, passados 32 anos, o público tem novamente a oportunidade de rever esta obra-prima, em cartaz no Teatro Glória.
Com direção assinada por João Fonseca, a montagem tem elenco formado por Izabella Bicalho (Joana), Lucci Ferreira (Jasão), Thelmo Fernandes (Creonte), Kelzi Ecard (Corina), Luca de Castro (Egeu), Karen Coelho (Alma), Sheila Matos (Zaíra), Pedro Lima (Xulé), André Araujo (Cacetão), Lílian Valeska (Estela) e as criançasArmando Cibilo, Maria Ingrid Bicalho Vannucci, Renan Mayer e Yvina Raira - as duplasde crianças atuam em revezamento. Dividindo o palco com o elenco, os músicos João Bittencourt (piano), Jorge Oscar (baixo, Júlio Braga (percurssão) e Roberto Kauffmann (bateria e percurssão).
Por tratar-se de um texto muito conhecido, não vale a pena resumir seu enredo. Mas torna-se imperioso registrar o êxito incontestável desta nova versão de João Fonseca. A começar pela dinâmica cênica, que, apoiada em poucos elementos cenográficos, consegue ressaltar toda a beleza e dramaticidade da obra. - como de hábito, o diretor cria marcas sempre diversificadas e expressivas, extraindo de cada passagem o máximo que ela pode oferecer. E, também como de hábito, obtém do elenco atuações irrepreensíveis.
Por questões de espaço, seria impossível analisar cada performance. Mas todos os atores que estão em cena - rigorosamente todos - exibem desempenhos notáveis, tanto nas partes faladas quanto naquelas em que o canto predomina. Entretanto, não há como não mencionar as maravilhosas performances de Thelmo Fernandes, Kelzi Ecard, Luca de Castro, Lucci Ferreira e, sobretudo, a de Izabella Bicalho.
Atriz que até então não conhecíamos, Izabella é uma revelação poderosa. Na pele da protagonista, exibe ótima voz, excelente expressão corporal, forte presença, carisma e uma inteligência cênica que nos autorizam a supor que estamos diante de uma personalidade artìstica fadada a uma trajetória de imenso sucesso.Que os caprichosos deuses do teatro a protejam, assim como permitam que esta montagem, cuja temporada termina domingo, volte à cena no ano que vem.
Com relação à equipe técnica, destacamos, com o mesmo entusiasmo, os trabalhos de todos os profissionais envolvidos – os músicos, Roberto Bürgel (direção musical e musicas adicionais), Nello Marrese (cenário), Natália Lana (figurinos) e Luiz Paulo Nenen (iluminação)".
Fonte: Tribuna da Imprensa online de 13/12/2007.
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