quarta-feira, 29 de abril de 2009

A escolha de... Izabella Bicalho (Na "Caras" Portuguesa)




A actriz carioca Izabella Bicalho, que conhecemos da série 'O Sítio do Picapau Amarelo' e de várias novelas, está em Portugal para apresentar um espectáculo de Chico Buarque

O livro
"Império à Deriva"
É um livro sobre os últimos anos da família real portuguesa no Brasil. O mais curioso é que foi escrito por um australiano, Patrick Wilcken. Também costumo recomendar os sete volumes de Os Reis Malditos, de Maurice Druon, sobre a corte francesa no sé­culo XIV.

O filme
"Old Boy"
Adoro este filme do coreano Park Chan-Wook. E quero citar dois filmes do Kubrick que me impressionaram: Laranja Mecânica e De Olhos Bem Fechados. Mais recentemente, vi Ensaio sobre a Cegueira, e achei fascinante.

A viagem
Florença
Amei conhecer esta cidade italiana. Neste momento, estou cheia de expectativas em relação a Portugal, onde ficarei quase dois meses.

O CD
"Labiata"
Gostei muito de Labiata, o CD mais recente do Lenine, um compositor supertalentoso. E sou fã do grupo português Madredeus (a primeira formação). Ouvi a música O Pastor (do CD Existir) até gastar o disco!

O espectáculo
"Gota d'Água"
Vou apresentar brevemente em Portugal este espectáculo de Chico Buarque. Foi uma conquista e uma honra enorme ter conseguido concretizar este projecto. Na verdade, é a realização de um grande sonho.

Os restaurantes
O Pavão e o Aprazível
Vou sugerir dois no Rio de Janeiro: O Pavão, na Tijuca, que serve a melhor feijoada à brasileira da cidade, e o Aprazível, em Santa Teresa, que, além da paisagem maravilhosa, tem uma chef cuja comida toda a gente adora.

O bar
Academia da Cachaça
É um dos pontos de encontro favoritos da classe artística carioca. Fica no Leblon, perto de vários teatros. Está sempre cheio de gente interessante!


Moema Silva - Caras (Portugal) - 29 Abr 2009.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Musical "Gota D´Água" de Chico Buarque visita Portugal



O espectáculo "Gota D`Água", um musical de Chico Buarque e Paulo Pontes, a partir da tragédia "Medeia", vem a Portugal em Maio.

"Gota D'Água" é dirigido por João Fonseca, a direcção musical é de Roberto Burguel, e conta com a actriz Izabella Bicalho e com o actor Cláudio Lins como figuras centrais.

A origem deste musical remonta a 1975, quando Chico Buarque e Paulo Pontes adaptaram a tragédia "Medeia", de Eurípedes, à realidade brasileira, dominada pela censura federal e repressão ideológica.


Agenda

Guimarães - Centro Cultural Vila Flor - 1 de Maio

Lisboa - Centro Cultural de Belém - 6 a 9 de Maio

Estarreja - Cine-Teatro - 15 de Maio

Figueira da Foz - CAE - 16 de Maio

Porto - Coliseu - 20 de Maio

Faro - Teatro das Figuras - 23 de Maio


Fonte: Portal Visão

Elenco da Temporada de Portugal



Izabela Bicalho (Joana)

Claudio Lins (Creonte)

Armando Babaioff (Jasão)

Claudia Ventura (Corina)

Luca de Castro (Egeu)

Sheila Matos (Zaira)

Janaina Azevedo (Estela)

Ronnie Marruda (Xulé)

Maíra Kaestemberg (Alma)

Lorenzo Martin (Cacetão)


Gota D’Água de Chico Buarque e Paulo Pontes



Depois do estrondoso sucesso da Ópera do Malandro, a Mandrake apresenta Gota D’Água, outro grande musical de Chico Buarque. A não perder no Cine-teatro de Estarreja no dia 15 de Maio pelas 21h30.

Em 1975, Chico Buarque e Paulo Pontes adaptaram a tragédia Medeia de Eurípedes à realidade brasileira dominada pela censura federal e repressão ideológica. A carga poética emocionou crítica e público e o musical tornou-se num sucesso sem precedentes. Passados 30 anos, o espectáculo volta a encher plateias com uma abordagem contemporânea, uma linguagem moderna e com novos arranjos musicais.

Joana é uma mulher corajosa e batalhadora que vive nos subúrbios de uma grande cidade brasileira, mais concretamente na Vila do Meio-Dia.

Certo dia é abandonada pelo marido que a troca por uma mulher muito mais jovem e bastante rica. Joana fica destroçada pela dor da traição, enquanto Jasão, o ex-marido, vive dias de felicidade ao lado da bela Alma, desfrutando do enorme sucesso do samba Gota D’Água, que não pára de passar nas rádios da cidade.

Joana é Izabella Bicalho, uma actriz fenomenal que tem arrecadado prémios atrás de prémios no Brasil pelo seu desempenho neste extraordinário musical, também ele premiado várias vezes. O prémio Shell 2007 na categoria de melhor actriz, o Prémio Contigo para o melhor espectáculo, ou o prémio APTR da crítica carioca, são alguns dos galardões atribuídos a Gota D’Água, um espectáculo imperdível que agora estreia em Portugal.

Partido Alto, Gota D´Água, Comadre Joana, Vila do Meio Dia, Paó, Virgem Matriaracarum, são alguns dos célebres temas que integram este musical magistralmente dirigido por João Fonseca. Um espectáculo emocionante onde mais uma vez o génio de Chico Buarque volta a estar bem evidente.

«Um espectáculo sem qualquer desatenção, comovente e vibrante ao mesmo tempo.» Jornal O Globo

«Gota d’Água emociona, é quente e atrai. É dolorido, bonito de se ver e ouvir, até o desfecho da festa.» Jornal O Dia

Direcção: João Fonseca
Com: Isabella Bicalho e Grande Elenco


Protagonista de musical Gota D'Água chega no domingo


(notícia publicada em 09 de Abril de2009):

De passagem por Portugal, a estrela brasileira Izabela Bicalho vai estar em Lisboa até ao próximo dia 16. Em Maio, ao lado dos actores Cláudio Lins e Armando Babaioff vai actuar nos palcos portugueses...

A actriz Izabela Bicalho, protagonista do musical brasileiro Gota D´Água, de Chico Buarque e Paulo Pontes, chega este domingo à cidade de Lisboa. A anteceder o início da digressão do musical que vai decorrer durante o mês de Maio, com espectáculos previstos para seis cidades do país, a estrela brasileira, ainda hoje conhecida pela interpretação da personagem Narizinho na série infantil o “Sítio do Picapau Amarelo” vai aproveitar o tempo livre para conhecer um pouco mais sobre os portugueses e Portugal. “É a primeira vez que a actriz vem a Portugal e, por isso, para ela tudo é novidade. Ela está muito curiosa”, avançou Moema Silva da Mandrake, promotora do espectáculo em Portugal. O musical Gota D´Água", cujo elenco é composto por Izabella Bicalho, Cláudio Lins, Armando Babaioff, tem estreia prevista para dia 1 de Maio no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, seguindo depois para Lisboa, onde se apresentará no Centro Cultural de Belém de 6 a 9 de Maio.


Fonte: Diário de Notícias.

Temporada no Veneza - Fotos


Confira imagens da temporada de "Gota D´Água" no Centro Cultural Veneza:




























trechos de "Gota D´Água" no SESC Vila Mariana


Trechos de Izabella Bicalho em Gota D'água (Teatro SESC Vila Mariana - São Paulo 2008):





trechos de "Gota D´Água" no SESC Vila Mariana




Izabella Bicalho e Thelmo Fernandes ganham o Prêmio Qualidade Brasil 2008



Thelmo Fernandes e Izabella Bicalho ganharam o Prêmio Qualidade Brasil 2008.

Thelmo foi o MELHOR ATOR TEATRAL MUSICAL e Izabella, a MELHOR ATRIZ TEATRAL MUSICAL.


Thelmo Fernandes ganha prêmio da APTR



Em noite de festa para o Teatro carioca, a segunda edição do Prêmio APTR contemplou no dia 20/10/08, os melhores do Teatro carioca em 2007.

Thelmo Fernandes ganhou o prêmio na categoria Melhor Ator em Papel Coadjuvante por seu Creonte de "Gota D´Água".

O júri foi formado pelos críticos Barbara Heliodora, Macksen Luiz, Lionel Fischer, Debora Ghivelder, André Gomes, Tânia Brandão e Mauro Ferreira.

Segundo o crítico André Gomes, de "O Dia", "Thelmo fez um dos discursos mais simpáticos e emocionados da noite".

Já Nello Marrese ganhou o prêmio de Melhor Cenário.


terça-feira, 14 de abril de 2009

Temporada no Centro Cultural Veneza



"Gota" volta ao Rio

Depois de duas temporadas nos teatros Glória e Carlos Gomes, a bem-sucedida remontagem do musical “Gota d’água”, de Chico Buarque e Paulo Pontes, com Izabela Bicalho, voltará ao cartaz, a partir do dia 14 de agosto, no Centro Cultural Veneza. 2008.


Reestreia Rio - Ficha Técnica

Texto:
Chico Buarque | Paulo Pontes

Música:
Chico Buarque

Direção Geral:
João Fonseca

Direção Musical e músicas adicionais:
Roberto Burgüel


Elenco:

Joana | Izabella Bicalho
Jasão | André Arteche
Creonte | Thelmo Fernandes
Corina | Kelzy Ecard
Egeu | Lucca de Castro
Alma | Maíra Kestenberg
Zaíra | Renata Celidonio
Xulé | Jorge Maya
Cacetão | Lorenzo Martin
Estela | Letícia Soares

Crianças:
Armando Cibilo
Helena Palomani

Músicos:
Piano| João Bittencourt
Baixo | Ricardo Reston
Percussão | Júlio Braga
Bateria e Percussão | Roberto Kauffmann

Cenário:
Nello Marrese

Iluminação:
Luiz Paulo Nenen

Figurino:
Natália Lana

Projeto de sonorização:
Branco

Coreografia:
Édio Nunes

Preparação vocal:
Pedro Lima

Programação visual:
Mauro Ventura, André Castro e Chris Baroncini

Fotos:
Paula Kossatz

Diretora assistente:
Rafaela Amado

Coreógrafa assistente:
Mareliz Rodrigues

Assistente de direção:
Fabricio Belsoff

Assistente de direção musical:
João Bittencourt

Diretor de cena:
Dom

Operador de luz:
Alexandre Xavier

Operador de som:
Alain Blasfiera

Microfonista:
Tiago Silva

Direção de Produção:
Maria Siman

Produção Executiva e Administração:
Pablo Sanábio e Gabriela Mendonça

Realização:
JLM Produções Artísticas e Pablo Sanábio

Realização temporada Centro Cultural Veneza:
Izabella Bicalho e Primeira Página Produções Culturais


VENEZA Centro Cultural
Av. Pasteur, 184 - Botafogo
Bilheteria: (21) 3079-9779
Vendas: ingresso.com

INGRESSOS:
quinta e sexta: R$ 40,00
sábado e dom: R$ 60,00

De 14 de agosto a 05 de outubro

Quinta a Sábado às 21h – Domingo às 18h
Duração: 150 minutos com intervalo de 10 minutos

Classificação etária indicativa: 14 anos

Capacidade: 450 lugares

Local para cadeirantes

Estacionamento: serviço de manobrista (VALET PARK)

Uma Denúncia à Dissimulação dos Poderosos



Com ênfase nos elementos musicais, montagem da peça de Chico Buarque e Paulo Pontes, por João Fonseca, chega do Rio


"Escrita por Chico Buarque e Paulo Pontes em 1975, Gota D'Água é uma adaptação de Medéia, tragédia de Eurípides, que denunciava na época a opressão político-econômica no País. A ditadura militar havia mostrado claramente todas as garras. Passados mais de 30 anos, 'a filosofia da esperteza' do sambista Jasão se tornou um sinal dos tempos atuais, segundo o diretor João Fonseca. 'Antes era mais fácil identificar os mocinhos e os bandidos, hoje as coisas são mais confusas', diz.

Ele é o responsável pela nova montagem de Gota D'Água, levada ao palco no Rio em outubro do ano passado e que estreou ontem no Sesc Vila Mariana. Fica em cartaz até o dia 22, às sextas e sábados (20h30) e aos domingos (18h). Na sua montagem, João Fonseca enfatizou os elementos musicais da peça, diminuiu o número de personagens e enxugou o texto. A estrutura em versos foi mantida.

O diretor diz que a exploração dos poderosos aumentou a perversidade porque hoje se faz de modo ainda mais dissimulado. Classifica Jasão (Lucci Ferreira) como a flor do lodo cooptada por Creonte (Thelmo Fernandes), dono do conjunto residencial Meio-Dia, onde se passa a tragédia a um só tempo amorosa e social de Gota D'Água.

Jasão abandona Joana (Izabella Bicalho), mãe de seus dois filhos, seduzido pelas benesses proporcionadas por Creonte, que cede a mão da filha, Alma (Maíra Kestenberg), ao sambista. 'Jasão tem a ver com uma nova forma de manipular, mais atual e diferente da de Creonte, que explorava às claras.'

O assédio também se volta para Joana, que parece extrair toda a sua força da dor do abandono, pelo qual vai exercer sua vingança contra Jasão. Isso custará a vida dela e a dos filhos. 'A personagem de Joana é radical, forte, à frente do seu tempo.' O Brasil atual, segundo João Fonseca, precisa de mais Joanas, porque elas são incorruptíveis. Resta perguntar qual o preço a ser pago por essas Joanas".


Fonte: O Estado de São Paulo - Francisco Quinteiro Pires - 31/05/08.

"Gota d'Água" carioca chega a São Paulo com reforço musical



"Partido Alto" e "O que Será (À Flor da Pele)" foram incluídas na trilha do espetáculo


"Em 1975, na montagem original de "Gota d'Água", eram quatro as canções a embalar a tragédia de Joana (Bibi Ferreira), Medéia brasileira abandonada pelo marido (Jasão) e à beira de uma vingança de que ninguém na simplória Vila do Meio-Dia se esqueceria.

A partir de amanhã, "Bem Querer", "Basta Um Dia", "Flor da Idade" e a canção que dá nome ao espetáculo ganham a companhia de "O que Será (À Flor da Pele)" e "Partido Alto", na leitura do diretor João Fonseca para o musical de Chico Buarque e Paulo Pontes.

"Apenas criei uma estrutura mais próxima à do musical que estamos acostumados a ver hoje em dia. Não houve traição à idéia original. Só coloquei música onde já havia sugestão", diz Fonseca. "Sei que é uma ousadia, mas foi algo pensado e pesquisado. Um enxerto é uma coisa muito perigosa, pode causar rejeição. Mas as [novas] canções são do mesmo período [da concepção de "Gota d'Água'], do mesmo Chico, têm as mesmas sonoridade e teatralidade."

O espetáculo estreou no Rio, em outubro de 2007, e recebeu duas indicações ao Prêmio Shell (melhor ator, para Thelmo Fernandes -que faz Creonte, dono do conjunto habitacional em que se passa a trama-, e música, para Roberto Burguel).

Se a porção musical cresceu em relação à original, o oposto se deu com o elenco e a duração das cenas: personagens foram condensados (restaram 10 das 15 figuras centrais), e a história agora chega ao fim uma hora antes (eram três horas e meia).

A atriz Izabella Bicalho, que encarna a mulher trocada por uma mais jovem, idealizou o projeto há três anos. "Sempre fui apaixonada por tragédia grega, mas esbarrava na minha missão de artista, que é ter alcance popular grande. Eram coisas díspares. Até que me lembrei de "Gota d'Água"."

Primeira feminista

E por que a saga de Medéia/ Joana segue atual? "Porque é sobre amor, desilusão, abandono. E isso são coisas com que as pessoas sempre vão se identificar. Ela é um símbolo de luta, perseverança, conquista. Está muito à frente de seu tempo", sugere Bicalho. "É a primeira feminista", arrisca Fonseca.

"E há também um viés político, que continua atual, infelizmente. A peça trata da eterna opressão do pobre pelo rico. Creonte é um explorador e Joana, uma espécie de guerrilheira; apesar de sua atitude extremada [matar os filhos e a si mesma para castigar Jasão] e de ser movida por vingança, é admirada e benquista pelo público. Não a condenamos, pois ela é incorruptível, não se vende, algo raríssimo hoje em dia", completa ele.

Depois de "Gota...", Fonseca dirige "O Santo e a Porca", de Ariano Suassuna, no Rio. Já Bicalho será a mãe da personagem-título de "Capitu", microssérie de Luiz Fernando Carvalho para a Globo".

GOTA D'ÁGUA
Quando: estréia amanhã, às 20h30; sex. e sáb, às 20h30; dom., às 18h; até 22/6
Onde: teatro do Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, 0/xx/11/5080-3000); classificação 14 anos
Quanto: de R$ 5 a R$ 20


Por Lucas Neves - Folha de São Paulo - 29/05/08.


Encanto de Medéia



"Não há uma sessão, desde a estréia, em outubro passado, em que a atriz Izabella Bicalho não arranque aplausos, em cena aberta, por sua interpretação de O bem querer, canção do musical Gota d’água, de Paulo Pontes e Chico Buarque. Atualmente em cartaz no Centro Cultural Veneza, depois de temporada lotada no Teatro Glória, no Carlos Gomes e no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, a peça, com direção de João Fonseca, ganhou público no boca-a-boca. A voz de Izabella é o cerne dos comentários. Joana, a Medéia das favelas cariocas, representa uma virada na carreira da atriz de 35 anos, mais lembrada pelo grande público pelo papel de Narizinho, que fez ainda menina, no Sítio do pica-pau amarelo, nos anos 80. Ela também está de volta à TV Globo, no elenco da minissérie Capitu, de Luiz Fernando Carvalho, e na novela Negócio da China, de Miguel Falabella, a próxima do horário das seis.

– É um trabalho para o qual me lancei inteira, insanamente – diz Izabella. – As pessoas sempre me acharam talentosa e tal, mas agora é a minha vez.

A bagagem no gênero é extensa, e inclui os musicais South American way, Oliver, Império. Fez televisão de forma bissexta, e agora colhe os louros por sua primeira grande protagonista. Formada em antropologia pela PUC, sempre foi apaixonada por tragédias gregas. Fez todas as aulas que pôde com professor Junito de Souza Brandão, um dos maiores especialista do país em mitologia. Resolveu produzir Gota d’água com a intenção de fazer um espetáculo de fácil comunicação com a platéia. A estrutura dramática ficou mais enxuta e novas músicas foram incluídas, como o coro de Partido alto e O que será, no primeiro ato.

– Gosto de alcançar o grande público, de levar ao teatro quem não vai. Nossa platéia não é só terceira idade. É claro que Chico Buarque tem um forte apelo, mas não há quem não se identifique com a dor de amor e não admire a mulher forte que Joana é.

Para viver a sofrida personagem trocada por uma moça mais jovem e rica, Izabella se apóia no rosto marcante e na voz afinadíssima. Anos de aula de canto com Agnes Moço e Mirna Rubin ajudaram a apurar a técnica. A construção de Joana exigiu da atriz uma boa dose de resistência, física e emocional. São muitos os números musicais e há cenas bastante tensas. Numa delas a personagem canta enquanto apanha do ex-marido Jasão, cai e levanta sem perder o tom. A carga dramática também é outro fardo – o desespero e a loucura da mulher amargurada vão num crescendo, até a Medéia moderna, por fim, eliminar seus descendentes. Izabella mergulhou de cabeça nos ensaios, jogando todos os seus recursos como atriz em cena: acabou exausta e sem voz no primeiro mês. Insatisfeita com o próprio desempenho, pensou em desistir do papel. Consultou João Fonseca.

– Ele me disse: "Calma, não está tão ruim assim" – conta, às gargalhadas. – Relaxei. Sabia que tudo na peça, menos eu, estava ótimo. Que falassem mal de mim à vontade. Então recomecei do zero. Em vez de emprestar à personagem tudo o que sabia, parti do mínimo.

Izabella recorreu às aulas de Camila Amado até encontrar o tom certo. Mais um momento de crise nervosa foi a estréia em São Paulo. Outra montagem do texto havia dado a Georgette Fadel o Shell de melhor atriz em 2006. O sucesso na capital paulista a deixou aliviada. Em outubro, Gota d’água encerra temporada no Rio e deve voltar para São Paulo, depois segue para Portugal.

– Foi emocionante conquistar aquele espaço, numa cidade onde há tantas opções culturais. É nessas horas que tenho certeza de que quero ser como a Bibi Ferreira: simplesmente ir fazendo. Quero viver disso até morrer.

Na longa fila de cumprimentos que se forma na porta do camarim – todos emocionados com as canções buarquianas – não há quem não se lembre dela como Narizinho. Os frutos que colhe, porém, vão além dos elogios. Depois de vê-la no musical, Falabella, autor de Negócio da China, criou para ela Zuleika, uma garçonete que sonha cantar no restaurante de subúrbio em que serve mesas. A atriz também começa a trabalhar no projeto de um disco, pela gravadora Rob Digital.

– Sempre pensei no canto para o teatro. Claro que poderia pegar carona no sucesso da peça, juntar uns músicos e sair por aí. Pretendo investir, mas em algo bem pensado.


Monique Cardoso


Fonte: Jornal do Brasil - 30/08/08.


Um Espetáculo sem Qualquer Desatenção


Por Jefferson Lessa (O Globo) - 01/12/07:


(Clique na imagem para ampliá-la):




GOTA D'ÁGUA


"Em meados da década de 70, Paulo Pontes e Chico Buarque uniram suas forças para recriar nos palcos o mito de Medéia - clássico da tragédia grega que mostra que não se deve subestimar a força de uma mulher traída! Na transposição para a realidade brasileira, Medéia virou Joana, uma mulher do povo, rebelde e cheia de indignação, num mundo masculino e opressor, que tenta silenciá-la à força. Em tempos de ditadura, a força dessa mensagem ganhava contornos ainda mais heróicos. E, para viver um mito de tamanha envergadura, só outro mito: Bibi Ferreira marcou não apenas a sua carreira, mas a história do teatro e da música. É arrepiante ouvi-la recitar trechos da peça em um disco que já se tornou objeto de adoração entre a gente de teatro, através dos anos e o texto transformou-se em objeto de culto e sonho de muitos atores e atrizes.

Izabella Bicalho é uma dessas atrizes que sonhou e lutou para recolocar no palco "Gota D'Água". Para isso, cercou-se de uma equipe competente e talentosa - a começar pelo diretor João Fonseca, responsável por alguns excelentes e premiados trabalhos, como "Pão com Mortadela" e "Escravas do Amor". O clima fraternal fica evidente no trabalho e a dedicação e a paixão de todos, também.

O cenário simplificado e austero de Nello Marrese resume-se (num primeiro momento) a uma estrutura metálica, que lembra palafitas no fundo do palco e em degraus de madeira que ganham vida nas coreografias do elenco, transformando-se em diversas composições. No final do primeiro ato - sim, como bom clássico, temos dois atos - revela-se no alto da estrutura metálica um impressionante altar, quase uma instalação, um retrato do sincretismo religioso do nosso povo, do qual Joana é a personificação perfeita. De santos a entidades, Joana recorre a todas as forças da natureza para realizar a sua vingança contra Jasão, o amado (alguns anos mais jovem), que a abandona com os dois filhos, depois que vira um compositor de sucesso, para casar-se com Alma, filha do poderoso Creonte.

Com um quarteto ao vivo, dirigidos por Roberto Bürgel, o elenco desfia as canções de Chico - aquelas feitas para a peça, como a que lhe dá o título, e mais algumas do compositor, o que a torna ainda mais atraente para os sentidos. Como a peça foi escrita em versos, a direção optou por musicar alguns trechos, criando números musicais onde havia monólogos ou diálogos. Apesar da qualidade da direção musical e vocal dos intérpretes, a sensação que se tem é que essas criações inéditas ficam aquém das composições de Chico Buarque e não acrescentam à força poética e sonora da peça. A iluminação de Luiz Paulo Nenen não abusa dos efeitos, o que, nesse caso, só favorece ao espetáculo.

O elenco é bem equilibrado, em especial quando encontra em Thelmo Fernandes, um Creonte sem falhas, na medida exata da complexidade do personagem, capaz de percorrer com segurança a sua partitura emocional, que vai de pai amoroso a um poderoso covarde! É bem verdade que, no texto de Chico Buarque e Paulo Pontes, o vilão é bem menos ameaçador do que se poderia esperar de alguém tão temido (trata-se apenas do proprietário das casas), mas a peça tem suas concessões ideológicas, naturais da época em que foi escrita e Creonte é, basicamente, o capitalista impiedoso, que detém o poder e determina o modo de viver do povo.

Pedro Lima (cantor do grupo "Garganta Profunda") demonstra que seu talento não está restrito à música e André Araújo é responsável por bons momentos, destacando-se em personagens secundários.

Lucci Ferreira apresenta um Jasão óbvio, mais afeito aos maneirismos do malandro do que às contradições do personagem, mas bastante crível. Izabella Bicalho surpreende e defende com unhas e dentes a sua Joana, construindo momentos de grande beleza. Mas luta contra sua inegável jovialidade quando o peso de uma mulher de 45 anos é exigido da personagem, que nem os cabelos, agrisalhados à base de maquiagem, nem o tom de voz forçadamente dramático, conseguem disfarçar. O figurino de Natália Lana, perfeito em todos os demais, no caso dela, só consegue ressaltar a mocidade da intérprete. Ainda mais quando ela contracena com os excelentes Luca de Castro e Kelzy Ecard que, mais maduros e bem adequados aos seus papéis. Mas estamos falando do sonho de uma atriz e todo sonho realizado - ainda mais com tanto empenho - merece respeito.

Apesar desses pequenos "poréns", João Fonseca construiu uma "Gota D'Água" de arrepiar, de excelente apuro técnico e artístico, que merece ser visto e aplaudido".


Fonte: Fotolog Teatro e Cia - 01/03/2008.

OBRA PRIMA EM VERSÃO IRRETOCÁVEL


Lionel Fischer

"O ano de 1975 foi um marco para o teatro carioca. Após intermináveis pendengas com a censura, finalmente Chico Buarque e Paulo Pontes conseguiram levar à cena o musical "Gota D´Água", que transpunha para uma favela o original de Eurípides, a tragédia "Medeia". Agora, passados 32 anos, o público tem novamente a oportunidade de rever esta obra-prima, em cartaz no Teatro Glória.

Com direção assinada por João Fonseca, a montagem tem elenco formado por Izabella Bicalho (Joana), Lucci Ferreira (Jasão), Thelmo Fernandes (Creonte), Kelzi Ecard (Corina), Luca de Castro (Egeu), Karen Coelho (Alma), Sheila Matos (Zaíra), Pedro Lima (Xulé), André Araujo (Cacetão), Lílian Valeska (Estela) e as criançasArmando Cibilo, Maria Ingrid Bicalho Vannucci, Renan Mayer e Yvina Raira - as duplasde crianças atuam em revezamento. Dividindo o palco com o elenco, os músicos João Bittencourt (piano), Jorge Oscar (baixo, Júlio Braga (percurssão) e Roberto Kauffmann (bateria e percurssão).

Por tratar-se de um texto muito conhecido, não vale a pena resumir seu enredo. Mas torna-se imperioso registrar o êxito incontestável desta nova versão de João Fonseca. A começar pela dinâmica cênica, que, apoiada em poucos elementos cenográficos, consegue ressaltar toda a beleza e dramaticidade da obra. - como de hábito, o diretor cria marcas sempre diversificadas e expressivas, extraindo de cada passagem o máximo que ela pode oferecer. E, também como de hábito, obtém do elenco atuações irrepreensíveis.

Por questões de espaço, seria impossível analisar cada performance. Mas todos os atores que estão em cena - rigorosamente todos - exibem desempenhos notáveis, tanto nas partes faladas quanto naquelas em que o canto predomina. Entretanto, não há como não mencionar as maravilhosas performances de Thelmo Fernandes, Kelzi Ecard, Luca de Castro, Lucci Ferreira e, sobretudo, a de Izabella Bicalho.

Atriz que até então não conhecíamos, Izabella é uma revelação poderosa. Na pele da protagonista, exibe ótima voz, excelente expressão corporal, forte presença, carisma e uma inteligência cênica que nos autorizam a supor que estamos diante de uma personalidade artìstica fadada a uma trajetória de imenso sucesso.Que os caprichosos deuses do teatro a protejam, assim como permitam que esta montagem, cuja temporada termina domingo, volte à cena no ano que vem.

Com relação à equipe técnica, destacamos, com o mesmo entusiasmo, os trabalhos de todos os profissionais envolvidos – os músicos, Roberto Bürgel (direção musical e musicas adicionais), Nello Marrese (cenário), Natália Lana (figurinos) e Luiz Paulo Nenen (iluminação)".


Fonte: Tribuna da Imprensa online de 13/12/2007.


Os Imperdíveis da Temporada Teatral Carioca



Os Imperdíveis da Temporada Teatral Carioca

O Jornal do Brasil de hoje listou uma relação de espetáculos teatrais imperdíveis na atual temporada carioca.

Dentre estes espetáculos está "Gota D´Água".

Vejam o que escreveu o JB:

"Gota D'Água - A eficiência comunicativa do musical de Paulo Pontes e Chico Buarque, além da trilha clássica e da estrutura narrativa que sustenta a construção da vingança de Joana/Medéia, é retomada pelo diretor João Fonseca em habilidosa adaptação. Teatro Glória".


Fonte: Jornal do Brasil - 14/02/08.


EM CARTAZ NO GLÓRIA, UMA BELA MONTAGEM DE 'GOTA D'ÁGUA'



Blog Supercênico (Jornal O Dia) - André Gomes - 30-11-07

"O coração tem razões que a própria razão desconhece”, diz Medéia, personagem-título da tragédia de Eurípides, inspiradora de Joana, protagonista do musical ‘Gota d’Água’. Já se passaram 32 anos desde que Bibi Ferreira brilhou na estréia da peça de Chico Buarque e Paulo Pontes, mas somente gora a dor da amarga heroína abandonada pelo marido ambicioso volta a ganhar as tintas necessárias.

Quem conduz a cena da montagem atual de um dos mais festejados musicais brasileiros é João Fonseca, que teve a liberdade de incluir duas canções inexistentes no original: ‘Partido Alto’ (1972) e ‘O Que Será — À Flor da Pele’ (1976).

Conduzir é a palavra perfeita para Fonseca: seu elenco, encabeçado por uma eletrizante Izabella Bicalho como Joana, se atira com fervor às marcações muito bem adequadas ao cenário funcional de Nello Marrese. O uso de praticáveis de madeira que adquirem formas variadas é um grande acerto, assim como a inclusão de um DJ que dá acento pop à banda que executa as músicas ao vivo. Considerações técnicas à parte, vale o aviso: essa montagem de ‘Gota d’Água’ emociona, é quente e atrai, na platéia, a identificação de quem já sofreu das dores de amor. No elenco, um extravagante Thelmo Fernandes diverte nos números musicais na pele de Creonte, dono do conjunto imobiliário onde mora Joana — ele quer expulsá-la para que sua filha possa viver em paz com Jasão (Lucci Ferreira, sedutor na medida).

A sede de vingança de Joana contra o ex-marido é catártica, e é com a mesma fúria que Izabella interpreta parte das canções. É dolorido, bonito de se ver e ouvir, até o desfecho da festa. A gota d’água".


Gota d'Água é a encenação da tragédia nacional



"Musical escrito por Chico Buarque em parceria com Paulo Pontes (1940 - 1976), Gota d'Água ganhou histórica montagem original em 1975, com Bibi Ferreira à frente, na pele da amarga Joana - a Medéia brasileira que, por ódio e por desespero, decide se vingar do amante sambista (Jasão) que a abandonara para se casar com a filha do dono de um conjunto habitacional da periferia. Tanto pelo primoroso texto escrito em versos como pelas boas músicas (em especial, Bem Querer, Basta um Dia e a intensa canção que batiza o musical), Gota d'Água ainda resiste como um dos títulos mais fortes da dramaturgia tupiniquim. Bem mais do que trazer o texto clássico de Eurípedes para a dura realidade nacional, os autores transpuseram para o palco a própria tragédia brasileira que pulsa firme nos bolsões de pobreza e injustiça social que corroem o país.

A remontagem de Gota d'Água, ora encenada por João Fonseca no palco do Teatro Glória, no Rio de Janeiro, desafia a densa aura mitológica que insiste em cercar a produção original de 1975, que durou até 1980. Trinta e dois anos depois da consagração de Bibi (existiu montagem paulista que passou brevemente pelo Rio, em 2006), Joana reapareceu nos palcos cariocas na pele de Izabella Bicalho, atriz que compensa a pouca idade para a personagem- a caracterização é insuficiente para torná-la uma quarentona - com a alta voltagem emocional necessária para encarnar o papel. Uma iluminação quente realça o (permanente) estado de ebulição em que se debatem os moradores e, em particular, a trágica Joana.

O numeroso elenco pulsa harmonioso no ritmo da música forte e atemporal de Chico Buarque. E o diretor João Fonseca tomou até a liberdade de acrescentar dois sucessos do compositor - Partido Alto (de 1972) e O Que Será - À Flor da Pele (de 1976) - que não constam do texto original, mas que se adequam perfeitamente ao universo da história. Partido Alto abre a encenação em intrincado jogo vocal que envolve todo o elenco. Mais tarde, O Que Será (À Flor da Pele) pontua a tensão da narrativa, ficando o ator e cantor Pedro Lima com a ingrata tarefa de reproduzir a divina introdução vocal da gravação original de Milton Nascimento, realizada para o disco Geraes (1976). Pedro Lima, assim como Thelmo Fernandes (Creonte), valoriza elenco homogêneo que contribui para o êxito da encenação. Há equilíbrio entre protagonistas e coadjuvantes.

No todo, Gota d'Água resiste muito bem nessa remontagem que, a despeito de uma ou outra liberdade poética, tem vigor e honra o musical de Chico Buarque e Paulo Pontes. É o Brasil real em cena".

Mauro Ferreira - Blog Notas Musicais.

Publicada em 16/11/2007.


Música de uma tragédia anunciada



Por Macksen Luiz (Jornal do Brasil):

"O musical Gota d'água, de Paulo Pontes e Chico Buarque de Holanda, em cartaz no Teatro Glória, baseado na tragédia Medéia, a cada montagem permite constatar a permanência, dramatúrgica e a força poética de texto escrito com substrato social bastante marcado. O que se constata em mais esta versão, dirigida por João Fonseca, é que se mantêm as características de poética popular, sensibilizando platéias pela emocionalidade da trama, e, residualmente, pela confirmação de suas pretensões "políticas". A eficiência comunicativa do texto, além da trilha musical já clássica, e a estrutura narrativa que sustenta a construção da vingança de Joana/Medéia são atrativos para que surjam sucessivas montagens.

João Fonseca procurou reforçar o caráter de "espetáculo musical" desta tragédia à brasileira, com relativa dispersão dramática, desviando-se para exposição explícita dos elementos cênicos mais próximos aos códigos dos musicais à americana. O desenho da montagem obedece a uma ordenação espacial, em que os conjuntos formam massa visual, com as cenas mais individualizadas apoiadas nesta ambientação compacta. O cenário de Nello Marrese complementa esta concepção com praticáveis que são manipulados pelos atores, compondo com o painel do fundo, desvendado apenas no final do primeiro ato a visualidade algo obscura, mas eficiente. O acréscimo de três músicas inéditas, escritas pelo diretor musical Roberto Burgel, que, independentemente de suas qualidades, ainda que seja difícil competir com a trilha original, reconfirma essa tendência a um certo modelo de musical.

Em conjunto com a coreografia de Édio Nunes, que, mesmo simplista, não consegue ser bem executada por elenco sem rudimentos técnicos para a dança, desenha-se o espírito da encenação. Apenas na parte vocal é que os atores se saem de maneira bastante satisfatória, enfrentando, com bravura, as dificuldades da sofisticada partitura, e levando a poesia das letras com exata carga dramática.

O elenco demonstra equilíbrio nas interpretações, que se revelam harmoniosas em conjunto e com alguns destaques individuais. Lilian Valeska sobressai pela sua potência vocal e Sheila Matos pela musicalidade e elasticidade corporal. Pedro Lima compõe com o registro da voz um tipo circunstancial. André Araújo vive, numa atuação manemolente, o malandro, e Luca de Castro empresta um ar de sabedoria ao velho militante grevista. Karen Coelho incorpora com a devida inconseqüência a rival de Joana. Kelzy Ecard, com boa voz e tensão dramática, interpreta a vizinha Corina. Lucci Ferreira cresce em cena, na medida em que Jasão se desenvolve como personagem. Thelmo Fernandes esboça com ótima presença a figura de Creonte quando o diretor enfatiza a encenação como um musical, e ganha projeção e densidade, quando o personagem demonstra a extensão de seus métodos de dominação. Izabella Bicalho, com voz educada e domínio emocional vence o desafio de interpretar Joana".


Publicada em: 01/11/2007.

Elenco: André Araújo (Cacetão)



André Araújo (Cacetão)


Atuou em espetáculos como "Adubo" (rendeu a André os troféus de Melhor Ator no 2º Prêmio SESC do Teatro Candango, 2005, e no 18° Festival de Teatro Universitário de Blumenau, 2004), "Seis Personagens à Procura de um Autor" e "O Rinoceronte", entre outros.

Atuou também no curta-metragem "A Minha Maneira de Estar Sozinho".

Em 2007/2008, atuou em "Gota D´Água", no papel de Cacetão.


Elenco: Karen Coelho (Alma)


Karen Coelho (Alma)

Atriz formada na CAL (Casa das Artes de Laranjeiras) em 2003. Atualmente cursando Bacharelado em Artes Cênicas na UNIRIO (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), onde operou por dois anos como aluna pesquisadora, realizando os projetos: “A interpretação narrativa nos textos curtos de Heiner Muller” e “O ator rapsodo – Um novo ator para uma nova literatura”, ambos sob orientação da professora Nara Keiserman.

Participou de espetáculos como: “As bruxas de Salém” de Arthur Miller com direção de Antonio Abujamra e João Fonseca, em 2003; “História de amor” de Heiner Muller dirigida por Nara Keiserman, em 2006; “O sonho” de Strindberg com direção de Zé Alex; “Fragmentos de Hamlet” de W. Shakespeare com direção de Roberto Souza e orientação de Moacir Chaves; “Escravas do amor” de Nelson Rodrigues dirigido por João Fonseca em 2007.

Em 2007/2008, fez parte do elenco de "Gota D’água", de Chico Buarque e Paulo Pontes.

Em 2008, Karen atuou na novela "Ciranda de Pedra", da TV Globo.

Em 2009, ela está no elenco da peça "O Zoológico de Vidro", ao lado de Cássia Kiss.


Elenco: Lílian Valeska (Estela)



Lílian Valeska (Estela)

Foi integrante do grupo ‘As Sublimes’.

Na TV, participou da novela "Irmãos Coragem".

No teatro, atuou em musicais como "Circo da Paixão - Godspell", "Otelo da Mangueira", "Ópera do Malandro", "Ópera do Malandro em Concerto", "As Robertas – Loucas Pelo Rei" e "Império".

Em 2007/2008, participou do elenco do musical "Gota D´Água", remontagem da obra de Chico Buarque e Paulo Pontes.

Em julho de 2008, Lílian estreou o musical "Eu sou o Samba", no Teatro Carlos Gomes (RJ).

A partir de setembro, Lílian integrou o elenco de "Tom & Vinícius - O Musical", ao lado de Marcelo Serrado e Thelmo Fernandes.


Elenco: Pedro Lima (Xulé)



Pedro Lima (Xulé)

Participou por 15 anos do grupo vocal "Garganta Profunda", formado em 1984 pelo maestro Marcos Leite. Com o grupo, Pedro participou dos discos “Orquestra de Vozes A Garganta Profunda” (1986), “Yes, nós temos Braguinha - 80 anos” (1987), “Garganta Profunda” (1991), “Garganta canta Beatles. Ao vivo” (1993), “Vida, paixão e banana: Garganta Profunda canta Tropicália” (1995), “Deep Rio” (1998) e “Chico & Noel em revista” (2000).

Seu primeiro CD solo, “Carioca”, teve produção de André Agra e lançou inéditas de Guinga e Lenine. O álbum foi ouvido em rádios européias, cantado em Paris, e teve a faixa: “Nos Braços da Canção” (André Agra) compilada no CD “Panorâmica de La Música de Brasil", lançado pela Fnac espanhola.

Seu segundo trabalho, “Mestiço", lançado pela Saladesom e produzido por André Agra, trouxe composições inéditas de nomes como Mathilda Kóvac, Germana Guilhermme, Suely Mesquita, Celso Fonseca, entre outros.

Seu terceiro trabalho foi lançado pelo selo Sala de Som e teve distribuição da Brazil Música. O CD "Futebol Musical Brasileiro Social Clube" traz onze músicas sobre futebol, escalando artilheiros como Chico Buarque, Gilberto Gil, Gonzaguinha e Pixinguinha, e com participação especial de craques da música como Rildo Hora, Roberto Menescal, Neguinho da Beija- Flor, Zezé Motta, Nilze Carvalho e Carol Saboya.

No teatro, Pedro participou de espetáculos como "Tribobó City" (1999), "South American Way" (1999/2000), "Godspell - Circo da Paixão" (2000/2002), "Missa dos Quilombos" (2003), "Otelo da Mangueira" (2005/2006), "Império" (2006/2007) e "Gota d´Água" (2007).

Em 2008, Pedro participou da temporada paulista do musical “Divina Elizeth”, sobre a cantora Elizeth Cardoso.

Em setembro de 2008, Pedro estréia o espetáculo “Tom & Vinícius – O Musical”, sobre os compositores Tom Jobim e Vinícius de Moraes, atuando ao lado de nomes como Marcelo Serrado, Thelmo Fernandes (com quem havia trabalhado em “Gota D´Água”), entre outros.


Elenco: Sheila Matos (Zaíra)


Sheila Matos (Zaíra)

Atriz, cantora e bailarina.

Sheila Matos trabalhou em novelas como "Mulheres Apaixonadas" (2003), "Começar de Novo" (2005), "Bicho do Mato" (2006); e em programas como "Escolinha do Professor Raimundo" (1990), "A Diarista" (2004) e "Carga Pesada" (2005).

No teatro, atuou em musicais como "Evita", "Charity Meu Amor", "South American Way", "Tribobó City", "Ópera do Malandro", "As Robertas - Loucas pelo Rei", "Cleópatra?", entre outros.

Em 2007/2008, participou do elenco da remontagem de "Gota D´Água", de Chico Buarque e Paulo Pontes.

Em 2008, participou do musical "Eu sou o Samba".


Elenco: Lucca de Castro (Egeu)



Lucca de Castro (Egeu)

Os principais trabalhos de Lucca de Castro na TV são "O Profeta" (2006-2007), "Bang Bang" (2006), "Você Decide" (episódio "A Expulsão do Paraíso" - 1994), "Direito de Amar" (1987), "Romeu e Julieta" (1980) e "Marina" (1980).

No cinema, atuou em "Carnaval Blues" (2007), "Yemanján Tyttäret" (1995), "Doida Demais" (1989) e "Espelho de Carne" (1984).

Em 2008, Lucca participa de "Casos e Acasos", da Rede Globo.

É pai da atriz Carol Castro.


Elenco: Thelmo Fernandes (Creonte)



Thelmo Fernandes (Creonte)

Estreou profissionalmente em 1991, após cursar a Escola de Teatro Martins Pena, no Rio de Janeiro.

Trabalhou com diversos diretores, como Antônio Abujamra, João Bethencourt, Charles Möeller & Claudio Botelho, Cacá Mourthé, Moacir Chaves, José Renato, Marcus Alvisi, João Fonseca, entre outros.

No teatro, atuou em produções como "A Última Fila" (1988), "Antígona" (1990), "Circo da Vida" (1990), "As Artimanhas de Scapino" (1990), "A Tempestade" (1990), "A Última Noite de Harrison" (1990/91), "As Três Irmãs" (1991), "O Sumidouro" (1991/92), "Anita Garibaldi" (1993), "Somos Todos 22" (1993), "Concerto para Virgulino sem Orquestra" (1995), "Fogo Morto" (1994/95), "As Malandragens de Scapino" (1996), "O Que é Bom em Segredo, é Melhor em Público" (1996), "Flor de Obsessão - Tributo a Nelson Rodrigues" (1996), "A Resistível Ascensão de Arturo Ui" (1998), "A Ópera dos Três Vinténs" (1998), "Auto da Compadecida" (1998/99), "Bugiaria" (2000), "Michelangelo" (2000), "O Casamento" (97 a 2000), "Tróilo e Créssida" (2001), "Tímon de Atenas" (2001), "O Beijo no Asfalto" (2001/02), "As Bruxas de Salém" (2003), "Closet Show" (2002/03), "Santo Elvis" (2002 a 04), "Melodrama" (2005), "Alta Tensão" (2006), "A Ópera do Malandro" (2003 a 2006), "Até que a Morte nos Separe" (2006), "Ópera do Malandro em Concerto" (2006), "A Fonte dos Santos" (2006), "Tudo no Timing" (1999/2006), "Édipo Unplugged" (2004 a 2006), "O Que diz Molero" (2007), "A Força do Destino" (2007) e "Gota d´Água" (2007), entre outras.

No cinema, participou de "Fica Comigo" (1998), "Lost Zweig" (2002), "O Vestido" (2003), "Olga" (2003), "Maria, Mãe do Filho de Deus" (2003), "Capital Circulante" (2004), "Bendito Fruto" (2004), "Conceição: Autor Bom é Autor Morto" (2007) e "Tropa de Elite" (2007).

Na TV, participou de Cilada, A Diarista, Sob Nova Direção, Você Decide, Carga Pesada, A Grande Família e Páginas da Vida.

Em 2007, Thelmo estréia o musical "Gota D´Água", de Chico Buarque e Paulo Pontes, e com direção de João Fonseca. Sua atuação como Creonte foi destacada pela crítica e lhe valeu indicação ao Prêmio Shell de Teatro 2007, o prêmio teatral mais tradicional do Rio de Janeiro, e ao 2º Prêmio Contigo de Teatro.

Em 2008, Thelmo faz participação em "Duas Caras", e permanece nas apresentações de "Gota D´Água", que estreia em São Paulo em maio, e reestreia no Rio em agosto, no Centro Cultural Veneza.

Por sua interpretação de Creonte, Thelmo ganha o prêmio da APTR na categoria Melhor Ator em Papel Coadjuvante, e o Prêmio Qualidade Brasil de melhor ator teatral musical.

A partir de setembro de 2008, Thelmo vive Vinícius de Moraes no espetáculo "Tom & Vinícius - O Musical", contracenando com Marcelo Serrado.


Elenco: Kelzy Ecard (Corina)



Kelzy Ecard (Corina)

Atriz formada pela Escola de Teatro Martins Pena, no Rio de Janeiro.

Começou sua carreira trabalhando com o diretor Moacir Chaves e o ator Pedro Paulo Rangel.

Atuou em peças como “Sermão de Quarta Feira de Cinzas” (do padre António Vieira), “Mulher Brasileira - uma História Cantada”, “Aladim” (de Dudu Sandroni e Fátima Valença), “Rapunzel” (fez parte da VI Mostra SESC-CBTIJ de Teatro para Crianças. Texto e direção de Leonardo Simões), e “Sapatinhos Vermelhos” (dois contos de Caio Fernando Abreu, dirigidos por Camilla Amado).

Kelzy teve bastante destaque no monólogo “A Confissão de Leontina”, baseado no conto homônimo de Lygia Fagundes Telles. O espetáculo foi dirigido por António Guedes, teve a produção de Dudu Sandroni e cenografia de Ney Madeira.

Em 2007, Kelzy atuou na remontagem de “Rasga Coração”, última peça de Oduvaldo Vianna Filho e com direção de Dudu Sandroni. Sua atuação como Nena, a mulher de Manguary Pistolão (Zecarlos Machado) foi bastante elogiada pela crítica especializada.

Em 2007 e 2008, Kelzy atuou em “Gota d´Água”, de Chico Buarque e Paulo Pontes.

Em 2009, ela estreia o monólogo "Meu Caro Amigo", a história de uma mulher embalada pelas canções de Chico Buarque. Depois da temporada no Centro Cultural dos Correios, Kelzy leva a peça para o Teratro Leblon.


Elenco: Lucci Ferreira (Jasão)



Lucci Ferreira (Jasão)

Ator baiano da mesma geração de nomes como Lázaro Ramos e Wagner Moura, Lucci Ferreira estudou teatro em Salvador e fez várias peças com o Núcleo de Teatro do TCA (Teatro Castro Alves) e com o Grupo de Teatro do Liceu de Artes e Ofícios da Bahia. Algumas destas peças foram o sucesso “Cuida bem de mim” (em cartaz há mais de 10 anos, acumulando um público de cerca: de 200 mil espectadores), "Nada Será Como Antes" e “A Vida de Galileu”, entre outras.

Transferindo-se para o Rio de Janeiro, Lucci fez uma série de pequenas participações na TV até chegar à minissérie “JK”, em 2006. A primeira delas aconteceu numa série do “Fantástico” que comemorava os 450 anos de São Paulo. Dali, o ator apareceu como um namorado de Marinete, papel de Cláudia Rodrigues, em dois episódios de “A Diarista”. Depois, passou em um teste para a novela “Da Cor do Pecado”. Também participou de episódios de “Carga Pesada” e “Sob Nova Direção”.

Na minissérie “JK”, ganhou seu primeiro papel de destaque: o radialista Antenor, namorado de Dora Amar (Débora Bloch).

Neste mesmo ano, Lucci foi escalado para o elenco da novela “Páginas da Vida”, onde viveu Horácio, um jovem professor de teatro, casado com Cecília (Lígia Cortez).

No teatro, ele também atuou em “Antônio de Chica”, de Zéu Britto.

No cinema, participou dos longas “Cinderela Baiana”, “Mulheres do Brasil” e “Meteoro”, filme do qual foi um dos protagonistas.

Em 2007, Lucci participou do musical “Gota d´Água”, de Chico Buarque e Paulo Pontes, e com Izabella Bicalho vivendo o papel que foi de Bibi Ferreira na versão original de 1975. Nesta remontagem, ele interpreta Jasão, o grande amor da personagem principal.

Em 2008, Lucci participou da novela "Os Mutantes", na Rede Record.

Em 2009, está no elenco de "Paraíso", na Rede Globo.

Elenco: Izabella Bicalho (Joana)



Izabella Bicalho (Joana)

Atriz, cantora e produtora.

Iniciou a carreira ainda menina, em uma participação especial na novela "Água Viva", em 1980, vivendo uma coleguinha de orfanato da personagem de Isabela Garcia.

Atuou em seguida em "Coração Alado" (1980) e "Sétimo Sentido" (1982).

Em 1983 e 1984, Izabela foi a Narizinho do “Sítio do Picapau Amarelo”.

Em seguida atuou em "Anos Dourados" (1986), "Pacto de Sangue" (1989), "Memorial de Maria Moura" (1994), "História de Amor" (1995), "Você Decide" (1996) e "A Diarista" (2005).

No cinema, trabalhou em "Os Vagabundos Trapalhões" (1982).

Nos últimos anos, Izabella tem atuado em diversos musicais, onde pode exercer não só seu trabalho como atriz, mas como o de cantora.

Atuou em "Somos Irmãs", "A Arca de Noé", "Carmen", "South American Way", "Cleópatra?", "Plunct Plact Zumm" e "Império", além do drama "Rainha Esther".

Em 2008, voltou às novelas, em "Negócio da China", de Miguel Falabella, e participou da microsérie "Capitu".


Um Certo João Fonseca



Por Mauro Ventura - O Globo - 06/02/08.

Quem é o diretor que domina os palcos com espetáculos como ‘Minha mãe é uma peça’, ‘Gota d‘água’, ‘Pão com mortadela’, ‘Um certo Van Gogh’ e ’A falecida

Talvez a melhor palavra para definir a lista de preferências do diretor João Fonseca seja “abrangente”. Ou “eclética”. Ela é generosa o suficiente para abrigar figuras tão distintas quando Van Gogh, Bukowski, Agatha Christie, Ariano Suassuna, Nelson Rodrigues, Chico Buarque e Daniela Pereira de Carvalho. — Gosto de ir do alternativo ao convencional — diz ele, diretor artístico dos F... Privilegiados, que foi indicado há pouco pela sexta vez ao Prêmio Shell, agora por “Pão com mortadela”. — Tenho esse lado da companhia, mas também gosto da Broadway. Não vejo problema em fazer as duas coisas. Um dos mais produtivos diretores do teatro brasileiro, Fonseca tem uma exigência: — Jamais faria esses trabalhos se não tivesse identificação, se não me apaixonasse — diz ele, que estréia dia 14 “A falecida”, está em cartaz com “Gota d’água” e “Minha mãe é uma peça”, reestréia em março “Pão com mortadela”, supervisiona “De mim que tanto falam” (direção de Paula Sandroni) e vai estrear em abril “O santo e a porca”.

Peças que falem ao coração

A quem pergunta como ele consegue emendar um trabalho atrás do outro, Fonseca responde: — O bancário não faz isso? Claro que há um desgaste emocional e criativo, mas você tem que fazer com que esses trabalhos sejam vitais, falem ao seu coração, estejam no seu sangue. Foi assim com “Um certo Van Gogh”, que está em turnê pelo país e deve estrear no Rio em junho. — Chorei quando dei de cara a primeira vez com seus quadros. E tinha ainda interesse de trabalhar com Daniela (Pereira de Carvalho, autora do texto) e Bruno (Gaglias so, ator e idealizador do projeto). — O Bruno falou: “Quero que você faça o ‘Van Gogh.’” Falei que não tinha tempo, que faltava só um mês para a estréia, que o texto não estava pronto. Mas ele é obstinado. Também foi assim com “Gota d’água”. O convite partiu de Izabella Bicalho, que faz o papel originalmente vivido por Bibi Ferreira. — Eu estava louco para fazer um musical e amava a peça. “O santo e a porca” foi outra encomenda, da Cia. Limite 151.

— Adoro Suassuna. Gosto de fazer um teatro que tenha alcance, que a empregada doméstica entenda, sem querer ser pejorativo. E ele escreve assim. Busca na fonte do popular e transforma numa coisa que, apesar de toda a qualidade, é profundamente acessível.Já “Minha mãe é uma peça” seduziuo pelo personagem — “Sou totalmente filhinho da mamãe” — e pelo ator Paulo Gustavo. Fiquei encantado com ele. É um espetáculo em que estou ali para servir ao Paulo. Fonseca não tinha a menor intenção de montar “A falecida”, mesmo sendo Nelson seu autor favorito. — “Paraíso Zona Norte” (montagem em que Antunes Filho reúne “A falecida” e “Os sete gatinhos”) é um dos espetáculos da minha vida.

Pensava: “Não vou fazer melhor do que aquilo”. Mas aí fiquei com vontade de investigar mais as coisas que comecei a trabalhar em “Édipo Unplugged”, do despojamento total (a peça tinha como únicos elementos cênicos as cadeiras). E, na primeira rubrica, Nelson fala do palco vazio, do fundo de cortina e do cenário composto somente de cadeiras.

“Pão com mortadela”, adaptação da obra de Bukowski, surgiu depois de uma oficina que deu para atores. Um deles, Sacha Bali, trouxe algumas cenas e ele adorou. — Eu tinha acabado de fazer “A ratoeira”, que é tradicional, e minha intuição me dizia que era para fazer agora uma coisa pequena, alternativa. Minha cara principal é essa, atores, texto, espaço o mais vazio possível e o jogo teatral. Fazer uma corda virar um rio, de três cadeiras criar um palacete. Isso você não tem no cinema, na TV, na internet. Fonseca está completando dez anos de direção. Mas sua carreira começou mais cedo. Nascido em Santos, fez teatro amador e depois se mudou para São Paulo, onde esteve no CPT de Antunes Filho. Em alguns workshops, aventurou-se dirigir. Mas o que queria mesmo era ser ator. Estreou profissionalmente com Gabriel Villela, em 89, em concílio do amor”. Em 92, veio Rio com “Colombo”, de Marcos Alvisi.

Mudou-se de vez em 93. O amigo Charles Möeller apresentou-o Antonio Abujamra, que estava reabrindo Os F... Privilegiados, e Fonseca entrou em “Exorbitâncias”.

Começo na direção com Abujamra

— Mas uma semana antes da estréia Abu cortou todas as minhas cenas. A peça estava muito grande. Falou: “Quero que você fique assim mesmo.” Eu tinha ensaiado três meses, sem ganhar nada, não queria ficar sentado na cadeira. Chorei, fiquei arrasado e me afastei.
Só que, após um mês, a peça trocou de palco, Fonseca entrou no lugar de outro ator e ficou no grupo. — Abujamra costumava falar: “Quem quer dirigir, pode.” Eu quis. Sua primeira indicação ao Shell — e o primeiro prêmio — veio pela montagem de “O casamento”, feita com Abujamra. Ele tinha adaptado uma cena e mostrou para o diretor, que a achou sem pé nem cabeça. Fonseca insistiu e apresentou 20 minutos. Abujamra gostou: “Você é diretor. Tem intuição boa. Pega essa cena, transforma em cinco minutos e põe no meu espetáculo.” — Criei coragem, falei “não quero” e sumi. Após uma semana, ele me ligou, perguntou o que acontecera, e expliquei que queria dirigir o texto inteiro. Abu falou “tudo bem” e disse que ia dirigir comigo. Começou a falar de várias mudanças. Eu suava frio, odiando tudo. Até que falei: “Não quero nada disso.” Ele respondeu: “Ah, é sua primeira direção, né? Faz do jeito que você quiser”. Acabou que ele mexeu com sua experiência, seu olhar, sua inteligência — lembra ele, que dirigiu pela última vez com seu grupo “Escravas do amor”, em 2006.

— Ano passado, Os F... não conseguiram fazer um novo projeto, porque não ganhamos edital nenhum. Foi um terror, ficamos muito f... e pouco privilegiados. Eles estão lendo agora autores como Rodrigo Nogueira, Newton Moreno, Fabio Porchat, Daniela Pereira de Carvalho e Bosco Brasil. — Resolvemos relaxar e gozar. Não temos dinheiro? Que bom, temos calma e tempo para escolher um projeto. Invertemos o jogo — diz ele, que recebeu de Abujamra um e-mail onde se lê: “Continue trabalhando como um químico louco, quantidade trará qualidade”. Fonseca tem conseguido conciliar as duas coisas.


Sobre Gota D´Água


Em 1975, Chico escreveu com Paulo Pontes a peça Gota d'água, a partir de um projeto de Oduvaldo Viana Filho, que já havia feito uma adaptação de Medéia, de Eurípedes, para a televisão.

A tragédia urbana, em forma de poema com mais de quatro mil versos, tem como pano de fundo as agruras sofridas pelos moradores de um conjunto habitacional, a Vila do Meio-dia, e, no centro, a relação entre Joana e Jasão, um compositor popular cooptado pelo poderoso empresário Creonte.

Jasão termina por largar Joana e os dois filhos para casar-se com Alma, a filha do empresário. A primeira montagem teve Bibi Ferreira no papel de Joana e a direção de Gianni Ratto.


Elenco da primeira montagem:

Bibi Ferreira: Joana
Oswaldo Loureiro: Creonte
Luiz Linhares: Egeu
Roberto Bomfim: Jasão
Bete Mendes: Alma
Sonia Oiticica: Corina
Carlos Leite: Cacetão
Isolda Cresta: Nenê
Norma Sueli: Estela
Selma Lopes: Zaíra
Maria Alves: Marta
Roberto Rônei: Boca Pequena
Isaac Bardavi: Amorim
Geraldo Rosas: Xulé
Angelito Melo: Galego


O que foi escrito sobre a "Gota D´Água" (1975):

"(...) Desde os minutos iniciais do espetáculo, a extraordinária riqueza do texto, certamente um dos mais belos e densos da moderna dramaturgia nacional, voltou a exercer sobre mim a sua magia e impacto. Efeitos estes que se devem, no plano mais imediato, à fabulosa força poética do diálogo".

Yan Michalski


"(...) a peça se valoriza pelos versos admiráveis. Nunca a poesia exerceu, em nosso teatro, uma função dramática tão feliz. As palavras se encadeiam com maravilhosas surpresas sonoras e ao mesmo tempo brotam com uma incrível espontaneidade. (...) Gota d'água alia muito bem um motivo clássico a um tratamento brasileiro, em bela linguagem literária. A adaptação não é só brasileira: é moderna e universal".

Sábato Magaldi


"Em Gota D'Água, a teatralidade e a poesia, o humor e a paixão, a observação justa e 0 permanente significado realista-crítico de todas as cenas, trazem uma correta inversão do significado ideológico do teatro clássico: 0 homem, aqui, não é uma vitima de forças eternas e invencíveis. Não está passivamente submetido aos deuses e aos poderosos. Como em Brecht, o homem é o destino do homem. Gota d'Água é uma eloqüente afirmação de que o homem transforma. Constrói seu destino e sua liberdade".

Fernando Peixoto


"Todos eles (atores) transfigurados, reiluminados por essa grande e sensível intérprete que é Bibi Ferreira. Tão fantástico é o seu dom para o teatro que consegue superar seus próprios limites físicos para viver Joana, a Medéia brasileira, com uma garra de leoa, um ímpeto, uma honestidade que ultrapassam barreiras de tempo e de estilo, de escola e de forma. Bibi mostra o que é o ator quando entra em cena banhado dessa emoção sagrada que é energia teatral transformada em personagem vivida às últimas consequências".

Alberto Guzik


Matéria em O Globo - Teatro a gente vê por Aqui - 28/11/07



Declarações de João Fonseca e Izabella Bicalho contidas na matéria:

"Na época da ditadura, o texto tinha um significado libertário, era um grito de revolta. Mas o que agente vê hoje é que ele tem força, é maravilhoso, uma dramaturgia que nunca ficará datada porque vem de uma fonte de três mil anos, que é a tragédia grega".
João Fonseca

"Bibi é sempre uma fonte de inspiração. Ouvi o CD da primeira montagem e estudei sua respiração. Mas depois que o trabalho esquenta cria asas. E dizem que estou bem diferente dela".
Izabella Bicalho

"A oportunidade de fazer tudo junto (musical e tragédia) foi um presente. Essa peça é sensacional. Gosto de sempre fazer coisas novas, que me desafiem. Tem gente que diz que fazer musical é fácil, É uma pedreira! Ainda mais esse que é trágico, algo pouco comum no gênero. Foi um volume enorme de trabalho".
João Fonseca

"O João foi um diretor muito inteligente, cuidadoso e perfeccionista. Tinha um grau de exigência monstruoso, mas valeu a pena e o resultado está aí. As pessoas estão gostando e se emocionando".
Izabella Bicalho

"Nunca dirigi algo que me emocionasse tanto. Muitas vezes o diretor fica frio. Chorei ensaiando. Isso nunca aconteceu comigo. É um trabalho que me emociona".
João Fonseca


Resenha da VEJA Rio - 02/11/07



Nova montagem do musical de 1975 que fez história ao transpor para a realidade miserável de um conjunto habitacional carioca a tragédia clássica de Medéia. Com direção assinada por João Fonseca e direção musical de Roberto Bürgel, essa versão traz novos arranjos musicais, recursos multimídia e a participação de um DJ. Além de clássicos da trilha, a montagem incorporou outros títulos de Chico. São dez atores-cantores em cena encabeçados por Izabella Bicalho e Thelmo Fernandes.