Um espectáculo empolgante, que faz jus à qualidade a que Chico Buarque nos habituou e não desvirtua ‘Medeia’, o clássico de Eurípides em que se inspira. Trata-se de ‘Gota d’Água’, musical que acaba de estrear no Centro Cultural de Belém – onde ficará até sábado, antes de prosseguir digressão – e que tem na protagonista, Izabella Bicalho, uma mais-valia.
Sem cenários deslumbrantes, o que está aqui em causa é um conceito de musical que tem pouco a ver com as produções de encher o olho. O espectáculo do encenador João Fonseca vive – para além da excelência da música – do trabalho de um colectivo de actores coeso e consistente e de uma contracena cuidada e nunca apressada. Mesmo com um texto em verso – daí resultando que os actores parecem estar sempre a cantar – não se perde o sentido daquilo que é dito.
Apesar de se anunciar como uma ‘nova leitura’ de um espectáculo que já tem três décadas (estreou em 1975), a verdade é que estamos na presença de uma proposta politizada, em que são notadas influências de Brecht ou do recentemente falecido Augusto Boal. ‘Creonte’ – o proprietário interpretado por Cláudio Lins – podia ser substituído pelos bancos, na tentativa de extorquir cada tostãozinho aos cidadãos. Actualidade: total.
Depois de Lisboa, ‘Gota d’Água’ vai às Caldas da Rainha (dia 13), Estarreja (15), Figueira da Foz (16), Porto (20) e Faro (23).
Fonte: Correio da Manhã (Lisboa) - 07/05/09.
Sem cenários deslumbrantes, o que está aqui em causa é um conceito de musical que tem pouco a ver com as produções de encher o olho. O espectáculo do encenador João Fonseca vive – para além da excelência da música – do trabalho de um colectivo de actores coeso e consistente e de uma contracena cuidada e nunca apressada. Mesmo com um texto em verso – daí resultando que os actores parecem estar sempre a cantar – não se perde o sentido daquilo que é dito.
Apesar de se anunciar como uma ‘nova leitura’ de um espectáculo que já tem três décadas (estreou em 1975), a verdade é que estamos na presença de uma proposta politizada, em que são notadas influências de Brecht ou do recentemente falecido Augusto Boal. ‘Creonte’ – o proprietário interpretado por Cláudio Lins – podia ser substituído pelos bancos, na tentativa de extorquir cada tostãozinho aos cidadãos. Actualidade: total.
Depois de Lisboa, ‘Gota d’Água’ vai às Caldas da Rainha (dia 13), Estarreja (15), Figueira da Foz (16), Porto (20) e Faro (23).
Fonte: Correio da Manhã (Lisboa) - 07/05/09.
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